quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Litania para o Natal de 1967


por David Mourão-Ferreira


Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
num sótão num porão numa cave inundada
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
dentro de um foguetão reduzido a sucata
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
numa casa de Hanói ontem bombardeada

Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
num presépio de lama e de sangue e de cisco
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
para ter amanhã a suspeita que existe
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
tem no ano dois mil a idade de Cristo

Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
vê-lo-emos depois de chicote no templo
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
e anda já um terror no látego do vento
Vai nascer esta noite à meia-noite em ponto
para nos pedir contas do nosso tempo

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Metamorfose

por Jorge de Sena



Para a minha alma eu queria uma torre como esta,
assim alta,
assim de névoa acompanhando o rio.

Estou tão longe da margem que as pessoas passam
e as luzes se reflectem na água.

E, contudo, a margem não pertence ao rio
nem o rio está em mim como a torre estaria
se eu a soubesse ter…

uma luz desce o rio
gente passa e não sabe

que eu quero uma torre tão alta que as aves não passem

as nuvens não passem
tão alta tão alta

que a solidão possa tornar-se humana.





quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Poema das coisas belas

por António Gedeão

As coisas belas,
as que deixam cicatrizes na alma dos homens, por que motivo serão belas?
E belas, para quê?
Põe-se o Sol porque o seu movimento é relativo. Derrama cores porque os meus olhos vêem. Mas por que será belo o pôr Sol?
E belo para quê?
Se acaso as coisas não são coisas em si mesmas, mas só são coisas quando coisas percebidas, por que direi das coisas que são belas?
E belas, para quê?
Se acaso as coisas forem coisas em si mesmas sem precisarem de ser coisas percebidas, para quem serão belas essas coisas?
E belas, para quê?



quinta-feira, 18 de junho de 2009

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Urgentemente

de Eugénio de Andrade

É urgente o Amor,
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros,
e a luz impura até doer.
É urgente o amor,
É urgente permanecer.

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Meu artesanato é de gaivotas

de José Carlos de Vasconcelos


Meu artesanato é de gaivotas
No mar e no céu,
Duro ofício de asas e de vento.
Levanto-me de madrugada e começa o corropio
Na oficina, o desacato de luz inicial:
Nuvens, sal, tintas,
Tudo num enorme desalinho.

Esmero-me no trabalho das mãos.
Conjugar sargaço e música – eis o desafio.
Aparelho-me de paciência e barro,
Lixo, minhocas, peixe miúdo.
Amaino-me de fúrias, alturas excessivas.
A ciência do voo é a mais difícil. E exige arte.

Às vezes, a ensaiar, despenha-se uma gaivota.
E lá se parte o lume. São mil cacos,
Mil estrelas vivas pelo chão.
Penso mudar de ofício.
Dedicar-me aos pássaros de gaiola.
Ou a outro ramo, sem os segredos do vento,
De um simples saber exacto.

Mas quando vejo as gaivotas no mar e no céu
É um tão grande contentamento
Que volto sempre ao meu velho artesanato.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Abril


29 –
- Dia Mundial da Dança




“As Nações Unidas e a UNESCO declararam 2009 como o Ano Internacional da Astronomia (AIA). A resolução, aprovada a 20 de Dezembro último, foi proposta pela Itália, país onde nasceu Galileu. Com esta proclamação celebram-se as primeiras observações astronómicas feitas por Galileu, usando um telescópio – uma invenção que marcou o início de 400 anos de extraordinárias descobertas astronómicas. (..)
O objectivo do AIA 2009 é, assim, estimular o interesse geral, em especial dos mais novos, na Astronomia e na Ciência sob o lema - Descobre o teu Universo.”

(International Year of Astronomy, 2009. The General Assembly, In: onu.astronomia.pdf)





No dia 29 de Abril – Dia Mundial da Dança, realizou-se, no Auditório da Escola Secundária Artística Soares dos Reis, um espectáculo onde se pretendeu lançar um olhar sobre a Astronomia através da dança, da música, da arte, da poesia e claro … de belíssimas imagens do universo. Esta celebração, organizada pela nossa escola, contou com a participação dos seguintes alunos:

Declamação de poesia: Catarina Pais Rodrigues e Mariana Fernandes do 7º C; Afonso Alves, João Monteiro, João Cabral do 8º B; Maria Inês do 8º C.




Apresentação das coreografias “Eppur si Muove” e “13 pedacinhos de Lua”: Bítia e Mariana Sá – 7º B; Sandra – 7º C; Ana Sofia, Beatriz Araújo, Sara Ferreira, Sara Deus, Tânia Giesta – 8º B; Ana Rita, Maria Araújo, Mariana Barros, Mariana Costa – 8º C; Maria José – 12º D.




Elaboração de cartazes - Filipa e Leonor do 9º A.


Foi igualmente organizada uma antologia poética alusiva à Astronomia para ser vendida à entrada do espectáculo. Os lucros reverteram para a Biblioteca/ Centro de Recursos. Numa segunda edição, foram acrescentados poemas escritos por alunas do Grupo de Dança, resultantes das reflexões sobre o desafio lançado pela ONU e pela UNESCO.

Fantasia

de Emanuel Félix




Oh mãe, conta-me histórias de encantar,
Daquelas em que há príncipes e fadas,
Dragões que guardam torres encantadas,


E que contavas para me embalar.

Conta-me histórias, mãe! Lendas infindas
De castelos erguidos nas colinas,
Onde habitavam fadas e meninas,
Brancas e loiras, sempre muito lindas.

Mãe, conta-me histórias de encantar,
Dos anjos que no azul do céu voavam,
Dos lagos onde os cisnes passeavam,
E que eu revia à luz do teu olhar.

Conta-me histórias como em pequenino
Me contavas e tudo me sorria.
Histórias lindas que eu atento ouvia…
Oh que saudades, mãe, de ser menino!





segunda-feira, 11 de maio de 2009

Equipa da Biblioteca

Coordenadora da BE/ CRE
Maria Luísa Mascarenhas Saraiva


Professores da Equipa de Apoio
Maria de Fátima Candeias
Carlos Morais

Luísa Brandão Moniz

Técnica Auxiliar
Sónia Franco


Professores Colaboradores
Irene Almeida
Joaquim Branca
Jorge Viana
Maria José Rodrigues
Maria José Valente
Zita Amado

Horário

A Biblioteca funciona ininterruptamente durante todo o período de funcionamento lectivo, ou seja, das 8H 30m às 18H 40m.
Encontra-se encerrada aos sábados e domingos.
È possível utilizar a Biblioteca durante os períodos de interrupção lectiva, excepto durante as férias anuais do pessoal auxiliar.

Informações Gerais

Como encontro os livros?

Pode fazer esta pesquisa no catálogo informático.


Consulte o catálogo de títulos ou autores que se encontra num ficheiro junto da Recepção. Para cada assunto procure por ordem alfabética de título, (sem considerar os artigos iniciais do título). A pesquisa por autor, só para livros de literatura, é feita por ordem alfabética do último nome (ex. TORGA). Copie a COTA para ser possível encontrar o livro na estante.

Ex. 82 (Literatura Estrangeira)
VER (VERNE, Júlio)
VIA (Viagem ao Centro da Terra)

Nas estantes os livros estão arrumados pelos assuntos referidos nas placas sinalizadoras e por ordem alfabética de sobrenome do autor (o nome do autor consta da 2ª linha da cota).


Tire as dúvidas e solicite apoio na Recepção e na Zona de Trabalho Documental.

Regulamento da Biblioteca


1.1. Condições de acesso

2.1.1. O ingresso na Biblioteca supõe a apresentação obrigatória do Cartão de Utilizador, que se encontra na própria Biblioteca, em ficheiro próprio, organizado por Anos e Turmas.
À saída, compete ao utilizador recolocar o cartão no seu lugar, ficando arrumado para futuras utilizações.

2.1.2. Consideram-se com direito à utilização dos serviços todos os alunos, professores e funcionários da escola, assim como outras pessoas da comunidade envolvente, desde que devidamente autorizadas pelo Conselho Executivo.

1.2. Empréstimo


2.2.1. O empréstimo reporta-se a todos os materiais documentais.
2.2.2. Para empréstimo domiciliário não poderão ser requisitados documentos que façam parte de colecções ou de obras em vários volumes, assim como aqueles que pelo seu preço exijam uma maior preservação.
2.2.3. As requisições, tanto para utilização presencial como domiciliária, terão de ser feitas em livros próprios.
2.2.4. O empréstimo presencial contempla os documentos para utilização nas instalações ou na sala de aula, devendo estes ser devolvidos no próprio dia, logo que finda a sua consulta.
2.2.5. O empréstimo domiciliário não poderá exceder cinco dias úteis; em caso de necessidade e desde que não haja pedidos em espera, a requisição poderá ser renovada.
2.2.6. Tanto para consulta dos catálogos como para a localização ou arrumação de documentos, os utilizadores deverão seguir as orientações que se encontram afixadas nas instalações. Em caso de dificuldade deverão solicitar o apoio dos professores de serviço.
2.2.7. No caso de extravio ou danificação de materiais, o aluno, se maior de 18 anos, ou os seus encarregados de educação, serão responsabilizados pelos custos da sua substituição.

2.3.
Utilização da Internet

2.3.1. Para permitir a melhor rentabilização deste serviço de informação, determinam-se duas modalidades de utilização:
2.3.1.1.Dois utilizadores, no máximo, por períodos de trinta minutos;
2.3.1.2.Grupo de alunos acompanhado de professor, por tempo lectivo.
2.3.2. A utilização deste serviço implica preenchimento de uma ficha de requisição, com registo de hora de entrada e de saída e referência do assunto de pesquisa. Os dois utilizadores ou o responsável de grupo deverão assinar a requisição.
2.3.3. É dada prioridade à utilização para trabalhos escolares, aulas ou projectos em curso.
2.3.4. Só é autorizada a reserva por um período de utilização de cada vez para que o maior número possível de utentes usufruam deste serviço.
2.3.5. As excepções a estas regras serão analisadas caso a caso.
Consulta o Regulamento, mais detalhado, afixado junto dos computadores


2.4. Material audiovisual

2.4.1.A utilização de qualquer tipo de material áudio só se poderá fazer com recurso a auscultadores, para evitar o ruído e consequente perturbação dos utilizadores.

Fundo Documental


Principais domínios temáticos:

O Fundo Documental da Biblioteca é constituído por livros, revistas e jornais, filmes e documentários, CDs, CD Roms, diapositivos, exposições, dossiers temáticos e material iconográfico diverso.

Todos os documentos estão separados por suporte e arrumados por assuntos segundo a tabela da Classificação Decimal Universal (CDU). Os assuntos estão devidamente assinalados por sinalética adequada:

0 – Generalidades. Enciclopédias e Dicionários (etiquetas brancas);

1 – Filosofia (etiq.. rosa forte);

2 – Religião (etiq. amarelas);

3 – Ciências Sociais:
30 - Sociologia (etiq. salmão),
32/ 36 - Política, Economia, Direito (etiq. roxas);
37 – Ciências da Educação, programas (etiq. limão);

5 – Ciências Puras:
51 – Matemática (etiq. vermelhas),
52 Astronomia,
53 Física,
54 Química (etiq. castanhas)
55/59 Ciências Biológicas (etiq. verdes);

6 – Ciências Aplicadas: Medicina, Engenharias, Agricultura, Indústria…(etiq. amarelas);

7 – Artes e Desporto (etiq. marfim);

8 – Gramática, Linguística e Literatura (etiq. azul claro)

82 – Literatura Estrangeira
821 Port – Literatura Portuguesa
821 Fr. - Língua e Lit. Francesa (etiq. vermelha)
821 Ing - Língua e Lit. Inglesa (etiq. azul forte)
821 Al. - Língua e Lit. Alemã (etiq. azul forte)

91 – Geografia (etiq. verde alface)

929 – Biografia (etiq. laranja)

93 /94 - História (etiq. laranja)


Constituição do espaço provisório da Biblioteca



Recepção - Acolhimento, orientação, empréstimo presencial e domiciliário, devoluções, fotocópias.

Espaço para Trabalho de grupo e leitura de revistas e jornais diários – Três mesas

Sala de Trabalho individual - 9 lugares (silêncio obrigatório)

Computadores – A rede informática é composta por 12 computadores com acesso à Internet dos quais 8 são de uso exclusivo dos alunos. (O regulamento de utilização encontra-se afixado no local).

Zona de Trabalho Documental – Para realização de tratamento técnico, gestão documental e preparação de actividades.

Tipo de Biblioteca

Este ano, e no âmbito das obras de remodelação do Parque Escolar em curso neste estabelecimento de ensino, a Biblioteca mudará de instalações por conveniência de uma nova filosofia de distribuição dos espaços pedagógicos. A nova mudança deverá ocorrer ainda durante este ano escolar.
A Biblioteca da Escola Secundária Aurélia de Sousa era uma biblioteca nova, ainda que herdeira da antiga, instalada no segundo piso do corpo principal do edifício escolar.
A mudança de instalações e o seu crescimento ficou a dever-se à necessidade de acompanhar a evolução do conceito de Biblioteca Escolar, já que hoje lhe é atribuído um papel central nos processos de ensino-aprendizagem, manifestando –se a sua acção em domínios tão importantes como:
o despertar o prazer de ler e a aquisição de hábitos de leitura;
a capacidade de recolher e seleccionar informação e actuar criticamente perante a quantidade e diversidade de fundos e suportes que hoje nos são postos à disposição;
o desenvolvimento de métodos de estudo, de investigação autónoma;
o aprofundamento da cultura científica, tecnológica e artística.
Para corresponder a estas novas e alargadas funções impunha-se o crescimento do espaço físico, para instalar equipamento e documentos audiovisuais, assim como os computadores indispensáveis à utilização das novas tecnologias da informação.
Pretendia-se, também, criar uma biblioteca atraente, acolhedora e estimulante onde alunos e professores sentissem o prazer de estar.
Assim, em 1996 foi elaborado um projecto para a criação da nova biblioteca. Apresentado e aprovado em 1997 pelo Director Regional de Educação do Norte, foi no mesmo ano que se realizaram as obras de adaptação e beneficiação em duas salas de aula que foram ligadas, tendo-se efectuada a mudança durante o ano lectivo de 1997/98. Todo o mobiliário foi adquirido pela escola, que investiu cerca de 25 mil euros no seu equipamento.
A nova biblioteca, que passou a ocupar, no primeiro andar, um espaço privilegiado pela localização central e pela excelente exposição solar, caracterizou-se pela organização documental e pela animação cultural, entendido como um espaço dinâmico e aberto, receptivo à colaboração com pessoas e instituições.
Em 1999 apresentou candidatura à Rede de Bibliotecas Escolares que passou a integrar, tendo-lhe sido atribuído um prémio de qualidade no valor económico de 8500 euros. Esta verba permitiu a aquisição de equipamento diverso ainda em falta e a criação de novos serviços aumentando o alcance de acção do Centro de Recursos.
Em breve se verificou que o espaço se tornava exíguo para a afluência crescente de alunos que diariamente a procuravam. A instalação do fundo bibliográfico, a necessidade de aumentar o número de computadores, a necessária diversificação do equipamento audiovisual impunha um novo crescimento.
Em 2002, uma nova candidatura à Rede de Bibliotecas Escolares veio facultar os meios para a construção da Biblioteca que funcionou até 2009. Com os 26.686 euros do prémio foi possível alargar o espaço para o dobro, adquirir móveis, aparelhos e actualizar o fundo documental. Com 230m2, foi inaugurada em 22 de Maio de 2003, com o total apoio do Conselho Executivo que viveu com empenho todas as fases daquela ambicionada obra.

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Maio

Este Mês comemora-se:

1 –
- Dia Internacional do trabalhador

3 –
- Dia da Mãe

9 –
- Dia da Europa

15 –
- Dia Internacional da Família

22 –
- Dia do Autor Português
- Dia do Turismo
- Dia Mundial da Biodiversidade

29 –
- Dia Nacional da Energia

31 –
- Dia Mundial sem Tabaco

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Sobre um verso de Sophia de Mello Breyner



de Jorge de Sena


Nunca mais servirei senhor que possa morrer
Nunca mais servirei quem possa morrer
Nunca mais servirei quem morra
Nunca mais servirei mortais
Não ....mais servirei mortais
Jamais.........servirei mortais
Não .............servirei mortais
Não............. servirei



O Primeiro Homem

de Sophia de Mello Breyner Andresen


Era como uma árvore da terra nascida
Confundindo com o ardor da terra a sua vida
E no vasto cantar das marés cheias
Continuava o bater das suas veias.


Criados à medida dos elementos
A alma e os sentimentos
Em si não eram tormentos,
Mas graves, grandes, vagos,
Lagos
Reflectindo o mundo
E eco sem fundo
Da ascensão da terra nos espaços
Eram os impulsos do seu peito
Florindo num ritmo perfeito
Nos gestos dos seus braços.

21 de Março – Dia Mundial da Poesia, Dia Mundial da Floresta e Dia Internacional para a Eliminação da Discriminação Racial

Máquina do Mundo

de António Gedeão


O Universo é feito essencialmente de coisa nenhuma.
Intervalos, distâncias, buracos, porosidade etérea.
Espaço vazio, em suma.
O resto, é a matéria.
Daí, que este arrepio,
este chamá-lo e tê-lo, erguê-lo e defrontá-lo,
esta fresta de nada aberta no vazio,
deve ser um intervalo.

Amostra sem valor

de António Gedeão


Eu sei que o meu desespero não interessa a ninguém.
Cada um tem o seu, pessoal e intransmissível:
Com ele se entretém
E se julga intangível.


Eu sei que a Humanidade é mais gente do que eu,
Sei que o Mundo é maior do que o bairro que habito,
Que o respirar de um só, mesmo que seja o meu,
Não pesa num total que tende para o infinito.


Eu sei que as dimensões impiedosas da Vida
Ignoram todo o homem, dissolvem-no, e, contudo,
Nesta insignificância, gratuita e desvalida,
Universo sou eu, com nebulosas e tudo.


Abril

Este Mês comemora-se:

2 –
- Dia Internacional do Livro Infantil

12 –
- PÁSCOA

13 –
- Dia Mundial da Imprensa

22 –
- Dia da Terra

23 –
- Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor

25 -
- Dia da Liberdade

29 –
- Dia Mundial da Dança

segunda-feira, 30 de março de 2009

Março

21 –

- Dia Mundial da Poesia

- Dia Mundial da Floresta

- Dia Internacional para a Eliminação das Diferenças Raciais





sexta-feira, 13 de março de 2009

3º Ciclo Básico

Livros que me falam de AMOR…

Sugestões recebidas de professores e alunos (Semana de 14 a 21 de Fevereiro)



OS MAIS REFERIDOS:

Meyer, Stephanie – Saga “Luz e escuridão”: 1 – Crepúsculo; 2 – Lua Nova; 3- Eclipse; 4- Breaking Down.

Para Bella Swan existe algo mais importante do que a própria vida: Edward Cullen. Porém, estar apaixonada por um vampiro é ainda mais perigoso do que alguma vez poderia ter imaginado. Edward já salvou Bella das garras de um vampiro maléfico, mas agora, à medida que a sua destemida relação ameaça tudo o que se encontra por perto e todos os que lhes são queridos, eles apercebem-se de que os seus problemas podem estar apenas a começar... Legiões de leitores, arrebatados por "Crepúsculo", sucesso de vendas do 'The New York Times', estão ansiosos pela continuação da história dos amantes perseguidos pela má sorte, Bella e Edward. Em "Lua Nova", Stephenie Meyer assina outra irresistível combinação de romance e "suspense" com um toque sobrenatural. Apaixonante, fascinante e cheia de surpreendentes reviravoltas, esta saga amorosa de vampiros caminha a passos largos para a imortalidade literária.


Grogan, John - Marley e Eu: a vida e o amor do pior cão do mundo.

A vida e o amor do pior cão do mundo. A história enternecedora e inesquecível de uma família e do seu cão malcomportado que ensina o que realmente importa na vida. A história de uma família em construção e das suas alegrias e tristezas.

Boyne, John - O Rapaz do Pijama às Riscas

“…É interessante ver como o autor conseguiu escrever sem recorrer às palavras feitas de horror como campo de concentração, morte, nazi etc. Importante ler.”

Ferreira, Vergílio – “Uma esplanada sobre o mar”


Propostas de literatura mais leve:

Sparks, Nicholas – Juntos ao Luar

Ahern, Cecília - P. S. - Eu amo-te!

Quase todas as noites Holly e Gerry tinham a mesma discussão - qual dos dois se ia levantar da cama e voltar tacteando pateticamente o caminho de regresso ao apetecível leito? Comprar um candeeiro de mesa-de-cabeceira parecia não fazer parte dos planos. (...) Agora, ao recordar esses momentos de pura felicidade, Holly sentia-se perdida sem Gerry. Simplesmente não sabia viver sem ele.


Moning, Karen Marie - O Beijo do Highlander

Exausta do trabalho e saturada do quotidiano, Gwen Cassidy decide marcar uma viagem à Europa. O destino escolhido são as verdes Highlands da Escócia. Mas a esperança de encontrar o homem dos seus sonhos desvanece quando percebe que a sua fantástica viagem é afinal uma excursão de idosos. Frustrada, decide deambular sozinha pelas colinas de Loch Ness, onde acaba por escorregar e cair numa caverna há muito abandonada. Nessa caverna, jaz Drustan Mackeltar, um lorde escocês adormecido por um feitiço há quinhentos anos, que começa a desenvolver um sentimento controverso pela fascinante personalidade de Gwen. Irreverente e impulsiva, ela não é nada como as mulheres que se cruzaram na sua vida. Será ela uma mulher à altura de um lorde como Drustan?


Nota: As sinopses das obras foram recolhidas no site da Livraria Bertrand.

Secundário







Livros que me falam de AMOR…





Sugestões recebidas de professores e alunos (Semana de 14 a 21 de Fevereiro)














( O mais referido: )

Márquez, Gabriel García - O Amor em Tempos de Cólera

“... Descobri, ao acordar, que tinha maduro no coração o romance de amor que havia ansiado escrever há tantos anos.” (Gabriel García Márquez). A história de amor vivida por Florentino e Firmina é contada com toda magia do realismo fantástico de Márquez. É um livro envolvente, que cativa o leitor do começo ao fim. As reflexões sobre a vida, o amor e a morte, temas constantes na obra do autor, são explorados de forma magistral neste livro.






Hesse, Herman - Narciso e Goldmundo




Rostand, Edmond. - Cyrano de Bergerac



Andresen, Sophia Mello Breyner - Medeia - Recriação Poética da Tragédia de Eurípides

Uma obra fundadora que surpreende, para além do seu valor literário e poético, pela intemporalidade, trazida até nós na tradução inconfundível de Sophia de Mello Breyner Andresen. Medeia foi representada no ano de 431 a.C. Apesar da força que ainda hoje nos transmite, Eurípides conseguiu com esta tragédia, considerada por muitos críticos a sua melhor obra, apenas o terceiro lugar. Euforion obteve o primeiro prémio e Sófocles o segundo. Como noutras ocasiões, o público escandalizou-se perante as paixões humanas dos heróis de Eurípides. A trama da obra insere-se no ciclo mítico dos Argonautas, que, comandados por Jasão, partem para os confins do mar Negro em busca do velo de ouro. Medeia, filha do rei da Cólquida, enamora-se loucamente por Jasão e contribui de forma decisiva para o êxito da empresa do seu amado.

Stendhal – Cartuxa de Parma






Kopelman, Jay - De Bagdad com Amor

A história de um cão resgatado dos escombros da guerra... Ao entrarem numa casa abandonada em Fallujah, no Iraque, alguns fuzileiros ouvem ruídos suspeitos, empunham as armas, contornam uma parede e preparam-se para abrir fogo. O que encontram durante o ataque americano à "cidade mais perigosa do mundo," contudo, não é um rebelde apostado em vingar-se, mas um cachorrinho, abandonado durante a fuga da maior parte da população civil antes de começar o bombardeamento. Apesar da lei militar que os proíbe de ter animais de estimação, os fuzileiros tiram as pulgas ao cachorro com querosene, desparasitam-no com tabaco de mascar e empanturram-no com refeições de consumo imediato (RCI). Inicia-se assim a dramática tentativa de resgatar um cão chamado Lava, que por sua vez irá salvar das feridas emocionais da guerra pelo menos um fuzileiro, o tenente-coronel Jay Kopelman.





Brontë, Emily – O Monte dos Vendavais



Brontë, Charlotte - Jane Eyre

Charlotte Brontë conseguiu em "Jane Eyre" uma fusão perfeita entre o realismo e o romance, incorporando dois temas que persistem no inconsistente colectivo porque expressam aspirações humanas permanentes: o mito de Cinderela, a rapariga pobre e oprimida que casa com o príncipe poderoso, e o mito do sucesso: a recém-chegada sofre, persevera e triunfa da adversidade. No entanto, este não é um mero romance de evasão, tem uma verdade e um realismo totais; nos momentos mais empolgantes da acção, os detalhes, como na vida real, são solidamente prosaicos e mesmo o triunfo final de Jane é um triunfo incompleto, à escala humana.





Didion, Joan – O Ano do Pensamento Mágico

National Book Award 2005. Um retrato de casamento e de uma vida, em bons e maus momentos, que tocará quem alguma vez amou um marido, uma mulher ou um filho.





Mendonça, José Tolentino – Cântico dos Cânticos (Tradução do hebraico, introdução e notas)

“Cântico de admiração e amor trocados por uma mulher e um homem, sussurro de amantes… Cartografia de um grande amor desencontrado, da solidão que os amores muito grandes proporcionam.”





Dostoiewski, Fedor - Noites Brancas

segunda-feira, 9 de março de 2009

8 de Março - Dia Internacional da Mulher



As mulheres aspiram a casa para dentro dos pulmões

de Daniel Faria, "Homens Que São Como Lugares Mal Situados", 1998



As mulheres aspiram a casa para dentro dos pulmões
E muitas transformam-se em árvores cheias de ninhos – digo,
As mulheres – ainda que as casas apresentem os telhados
inclinados
Ao peso dos pássaros que se abrigam.


É à janela dos filhos que as mulheres respiram
Sentadas nos degraus olhando para eles e muitas
Transformam-se em escadas


Muitas mulheres transformam-se em paisagens
Em árvores cheias de crianças trepando que se penduram
Nos ramos – no pescoço das mães – ainda que as árvores
irradiem
Cheias de rebentos


As mulheres aspiram para dentro
E geram continuamente. Transformam-se em pomares.
Elas arrumam a casa
Elas põem a mesa
Ao redor do coração.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Março

Este Mês comemora-se:

1 –
- Dia Mundial da Protecção Civil

4 –
- Dia Mundial da Matemática

8 –
- Dia Internacional da Mulher

15 –
- Dia Mundial dos Direitos do Consumidor

19 –
- Dia do Pai

21 –
- Dia Mundial da Poesia
- Dia Mundial da Floresta
- Dia Internacional para a Eliminação das Diferenças Raciais

22 –
- Dia Mundial da Água

27 –
- Dia Mundial do Teatro

28 –
- Dia Mundial da Juventude
- Dia Nacional dos Centros Históricos (comem. o Nascimento de Alexandre Herculano)



Destaques:


Semana da Leitura:

- 6 de Março, às 10h 30m – Encontro de Leitores





























a saga "Luz e Escuridão", de Stephenie Meyer, por alunos do 11º ano.
Na Biblioteca, aberto a todos.










- 2009 - ANO INTERNACIONAL DA ASTRONOMIA -

segunda-feira, 2 de março de 2009

Canção de uma sombra

de Teixeira de Pascoais


Ah, se não fosse a névoa da manhã
E a velhinha janela onde me vou
Debruçar, para ouvir a voz das coisas,
Eu não era o que sou.

Se não fosse esta fonte, que chorava,
E como nós cantava e que secou…
E este sol, que eu comungo, de joelhos,
Eu não era o que sou.


Ah, se não fosse este luar, que chama
Os espectros à vida, e se infiltrou,
Como fluido mágico, em meu ser,
Eu não era o que sou.


E se a estrela da tarde não brilhasse;
E se não fosse o vento, que embalou
Meu coração e as nuvens, nos seus braços,
Eu não era o que sou.


Ah, se não fosse a noite misteriosa
Que meus olhos de sombra povoou,
E de vozes sombrias meus ouvidos,
Eu não era o que sou.


Sem esta terra funda e fundo rio,
Que ergue as asas e sobe, em claro voo;
Sem estes ermos montes e arvoredos,
Eu não era o que sou.

sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Escola Associada da UNESCO

A ASPnet (Association of Schools Project) é a Associação das Escolas Associadas da UNESCO, rede mundial de 7900 estabelecimentos de ensino de 176 países, sendo cinquenta as escolas portuguesas.
Existe oficialmente desde 1953 para promover a paz, a tolerância e a cooperação internacional e constitui um galardão de excelência para as escolas associadas.
Ao apresentar a sua candidatura em Setembro de 2001 com um plano de trabalho bianual, a Escola assumiu o compromisso de uma prática de ensino que promova na sala de aula os ideais já referidos e ainda a sua inclusão explícita no Projecto Educativo da Escola.
Os métodos de trabalho recomendados assentam na interdisciplinaridade, no trabalho de equipa, na introdução dos tópicos da actualidade nas discussões na sala de aula, numa dinâmica que promova o saber agir, usando sempre que possível as publicações da UNESCO.
São prioridades:
· Promover a Educação Para Todos, insistindo nos 4 pilares de aprendizagem: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a ser e aprender a viver juntos.
· Identificar e difundir os exemplos de uma educação de qualidade chamando a atenção para: 1. Os problemas mundiais e o papel do Sistema das Nações Unidas 2. A Educação para um Desenvolvimento Sustentável 3. A Paz e os Direitos Humanos 4. A Aprendizagem intercultural

A Escola Secundária Aurélia de Sousa tem procurado honrar os compromissos assumidos, nomeadamente através do seu Projecto Educativo e do Plano Anual de Actividades. Sempre que possível tem correspondido às iniciativas ou campanhas especificamente dirigidas às Escolas Associadas e, de forma constante, tem assinalado as efemérides Internacionais e Mundiais das mais diversas formas e com o envolvimento de todos os grupos disciplinares, procurando alargar a educação dos jovens cidadãos às grandes causas do mundo actual.
O compromisso pessoal dos docentes com o projecto educativo e com os ideais da UNESCO tem-se tornado cada vez mais evidente, quer através da enunciação de objectivos para as actividades de aprofundamento curricular quer no desenvolvimento de projectos ou actividades de complemento curricular ou extra-curricular.
Para saber mais..[+] Comissão Nacional da UNESCO - Delegação Portuguesa

Aurélia de Sousa




Quem foi?


No museu imaginário da pintura portuguesa da segunda metade do século XIX, Aurélia de Sousa tornou-se uma presença inquestionável, quer entre os pintores mais velhos como Silva Porto, Marques de Oliveira, Columbano, Malhoa, Sousa Pinto e Artur Loureiro, quer entre os da sua geração, como Pousão, João Vaz, Eugénia Moreira ou António Carneiro. Na sociedade portuguesa, miticamente desenhada por Camilo, Eça e Júlio Dinis, viveu uma modernidade inédita de que ninguém, então e durante muito tempo, soube tirar as consequências.

1866 – Maria Aurélia Martins de Sousa nasce a 13 de Junho no Chile, em Valparaíso, filha de Olinda Perez e de António Martins de Sousa. É a quarta dos sete filhos do casal.

1869 – Com três anos, regressa a Portugal com a família. Habita desde então a Quinta da China comprada por seu pai, na margem direita do Douro, junto da cidade do Porto.

1874 – Morte do pai, quando Aurélia tem 8 anos.

1882-1889 – Com 16 anos, começa a ter lições de desenho e pintura com António da Costa Lima e pinta o seu primeiro auto-retrato.

1893 – Matricula-se na Academia de Belas Artes do Porto, na aula de Desenho Histórico, destacando-se em anos sucessivos com distinção.

1899-1902 – Parte para Paris e frequenta na Academia Julien os cursos de J. P. Laurens e B. Constant. Os seus trabalhos figuram em exposições. Antes de regressar a Portugal viaja e visita museus em Bruxelas, Antuérpia, Berlim, Roma, Florença, Veneza, Madrid e Sevilha. Cerca de 1900, pinta o famoso Auto-Retrato com casaco vermelho, Colecção Museu Nacional Soares dos Reis.

1903-1909 – Desenvolve intensa actividade, nomeadamente como ilustradora e participa nas exposições anuais da Sociedade de Belas-Artes do Porto, expondo também regularmente na Galeria da Misericórdia.

1910-1922 – Além das lições, participa regularmente na vida artística portuense e expõe anualmente na Sociedade Nacional de Belas-Artes de Lisboa.

Morre na Quinta da China, em 26 de Maio de 1922, com 55 anos.



No contexto do Naturalismo português, Aurélia de Sousa demarca-se por uma estética individualizada de percurso inédito. É nos auto-retratos que a pintora se distancia da estética naturalista e evidencia uma plástica e poética própria, num processo de indagação pessoal. Além de um ou outro retrato de encomenda ou as suas procuradas flores, regista a silenciosa narrativa da Casa: a presença da velha mãe, os afazeres das mulheres e das crianças, os cantos escuros da cozinha e do atelier, as tardes em que a luz se confunde com os fatos de verão, os caminhos campestres ou as vistas do rio. Pratica uma pintura vigorosa, raramente volumétrica, detida na análise das sombras para nelas captar a luz.


Raquel Henriques da Silva, Aurélia de Sousa (Texto adaptado)



No Porto a sua obra pode ser apreciada no Museu Marta Ortigão Sampaio e no Museu Nacional Soares dos Reis

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Ler o Mundo




Formar leitores para Ler o Mundo foi o título de um congresso realizado recentemente pela Fundação Gulbenkian, na tradição do muito interesse que a fundação tem dedicado ao tema.
A reflexão é mais oportuna do que nunca, porque o aumento do número de alunos a frequentar as nossas escolas básicas – uma das importantes conquistas da nossa democracia – nem sempre corresponde ao número de estudantes capazes de compreender uma linguagem complexa. É provável que todos se tornem leitores funcionais, porque o analfabetismo é agora raro na população jovem: aprenderão o suficiente para levar uma vida simples e saberão evitar os grandes problemas que poderiam ocorrer se não soubessem ler. Temos, contudo, de ser mais exigentes, pois sabemos que muitos saem da escola sem capacidade para ler e interpretar um texto complexo ou calcular uma taxa de juro, o que se traduz por uma dificuldade de qualificação profissional, ou por fracasso nas comparações internacionais. (…)
Para que as crianças gostem de ler é preciso que se recupere nas famílias a tradição da oralidade, de modo a que os pais e avós ganhem algum tempo a contar histórias infantis, quer através de livros, quer através da narrativa das estórias da família.
A investigação tem demonstrado a possibilidade de a leitura ampliar as capacidades do cérebro, criando diferentes perspectivas de interpretação da realidade e novas competências no manejo das emoções, contribuindo para a melhor compreensão da complexidade do mundo. Especialistas defendem que o que importa é que a criança leia, sobretudo textos que a mobilizem (…) Por isso, o interesse de uma criança ou de um adolescente por qualquer tema deverá ser incentivado, porque estará a contribuir para o ganho de hábitos de leitura, que só se poderão consolidar nas idades jovens.
Costuma dizer-se que se pode ler um livro desde muito cedo, na prática deve seguir-se o conselho de segurar a criança ao colo e com a mão disponível ler-lhe um episódio qualquer que o faça sonhar: não importa, a princípio, se é um texto de muito valor literário.
Houve tempos, no início da adolescência, em que só me interessava por banda desenhada ou imprensa desportiva. Ansiava pela chegada do Cavaleiro Andante para me deliciar com as aventuras de Tintin, ou para recriar, com os meus amigos, as investigações do detective Sexton Blake e do seu assistente Tinker, sempre na pista de tenebrosos crimes; ou recortava as crónicas de A Bola, onde Marco Márcio, Carlos Pinhão e Vítor Santos me encantavam com a capacidae de escrever várias colunas sobre um simples penálti.(…)
A minha mãe, sempre grande leitora, outrora encantada com a minha leitura compulsiva das histórias tradicionais(…), dos livros dos Cinco ou do devorar das aventuras de Sandokan, o Tigre da Malásia, andava agora inquieta.”O menino não lê nada!” Ao que o meu pai, mais sereno, depressa respondeu:”Vais ver que o miúdo depois muda, é da idade, depois lerá outras coisas…” E os dois ficaram contentes quando eu passei do Michel Vaillant para os livros policiais da Agatha Christie e Ellery Queen invadiram os meus tempos livres, à média de um por dia…e nunca mais esqueci O Assassinato de Roger Ackroid ou Vivenda Calamidade!
O actual Plano Nacional de leitura tem, entre outros méritos, a vantagem de oferecer uma lista de livros adequada a cada idade, o que constitui um valioso guia para pais e educadores. Muitos desses textos são estímulo à fantasia da criança e do adolescente: esse deve ser o principal desígnio da literatura infantil…

Daniel Sampaio*
(Crónica “Porque sim”, Pública, 1 de Fevereiro de 2009
*(integra a Comissão de Honra do Plano Nacional de Leitura)

(sugerido por Luísa M. Saraiva, coordenadora da Biblioteca)

de Hugo von Hofmannsthal (Viena, 1874 – 1929)

III

Nossa matéria aos sonhos é igual
e os sonhos abrem olhos à maneira
de umas crianças sob o cerejal.

Das copas, ouro pálido se esgueira
da lua-cheia e a vasta noite alcança…
senão, sonhos não há à nossa beira.

Vivem aí qual riso de criança,
e como a lua-cheia sobem, descem,
quando desperta sobre a fronde avança.

O mais íntimo se abre a quanto tecem;
quais mãos-fantasma sempre num tristonho
espaço estão em nós e a vida oferecem.

E os três são um: homem e coisa e sonho.

Tercinas sobre a fugacidade de tudo




sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

A crescente humildade

de Lao Tse

O incompleto será completado
O curso, endireitado
O vazio, preenchido
O gasto, renovado
O insuficiente, aumentado
O excessivo, dissipado.
É por essa razão que o sábio abraça a Unidade
tomando-a por modelo do universo.
Como nunca se põe em evidência, brilha
Como nunca se vangloria, tem mérito
Porque nunca luta, ninguém a ele se opõe.
A frase dos antigos dizia: Aquele que é incompleto será
completado. Será uma frase vã?
No fim, tudo retorna à perfeita integridade.


Contrariedades

de Cesário Verde (1885 – 1886)

Eu hoje estou cruel, frenético, exigente;
Nem posso tolerar os livros mais bizarros.
Incrível! Já fumei três maços de cigarros
Consecutivamente.

Dói-me a cabeça. Abafo uns desesperos mudos!
Tanta depravação nos usos, nos costumes!
Amo, insensatamente, os ácidos, os gumes
E os ângulos agudos.

Sentei-me à secretária. Ali defronte mora
Uma infeliz, sem peito, os dois pulmões doentes;
Sofre de faltas de ar, morrerem-lhe os parentes
E engoma para fora.

Pobre esqueleto branco entre nevadas roupas!
Tão lívida! O doutor deixou-a. Mortifica.
Lidando sempre! E deve a conta à botica!
Mal ganha para sopas…

O obstáculo estimula, torna-nos perversos;
Agora sinto-me eu cheio de raivas frias,
Por causa dum jornal me rejeitar, há dias,
Um folhetim de versos.
………………………………………….
E a tísica? Fechada, e com o ferro aceso!
Ignora que a asfixia a combustão das brasas,
Não foge do estendal que lhe humedece as casas,
E fina-se ao desprezo!

Mantem-se a chá e pão! Antes entrar na cova.
Esvai-se; e todavia, à tarde, fracamente,
Ouço-a cantarolar uma canção plangente
Duma opereta nova!
……………………………………………
E estou melhor; passou-me a cólera. E a vizinha?
A pobre engomadeira ir-se-á deitar sem ceia?
Vejo-lhe a luz no quarto. Inda trabalha. É feia…
Que vida! Coitadinha!


“A Minha Biblioteca Turca”







“No coração da minha biblioteca está a biblioteca do meu pai.




Quando eu tinha 17 ou 18 anos e comecei a dedicar a maior parte do meu tempo à leitura, devorei os volumes que o meu pai guardava na nossa sala de estar, bem como os que descobria nas livrarias de Estambul. Nesses tempos, se eu lesse um livro da biblioteca do meu pai e gostasse dele, levava-o para o meu quarto e colocava-o no meio dos meus livros. O meu pai, que ficava satisfeito por ver que o seu filho lia, ficava também feliz ao ver alguns dos seus livros a emigrarem para a minha biblioteca, e sempre que via um dos seus velhos livros na minha estante, brincava comigo, dizendo-me:”Ah, vejo que este volume já foi promovido a uma patente superior!”



Em 1970, quando tinha 18 anos, eu – como todas as crianças turcas que se interessavam por livros – comecei a escrever poesia. (…) Foi então que li as colecções de poesia que o meu pai (que quando era novo quisera ser poeta) mantinha nas suas estantes.
Adorei os desbotados e esguios livros de poetas que eram considerados pelas Letras turcas (…) O meu pai por vezes abria uma primeira edição de um destes poetas e entretinha-nos com um ou dois dos seus singulares e caprichosos poemas, lendo-os em voz alta e adoptando um ar que nos fazia perceber que a literatura era um dos mais maravilhosos tesouros da vida.”
Orhan Pamuk,

Prémio Nobel da Literatura 2007
De “A minha Biblioteca Turca” in “Público”, suplemento P2, de 10 de Janeiro de 2009.
(sugerido por Luísa M. Saraiva, coordenadora da Biblioteca)






(Texto exclusivo PÚBLICO/New York Review of Books)

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Fevereiro

14 - Dia dos Namorados






Idyll Tamara De Lempicka



“há um mar imaginário aberto em cada página

e eu quero o cruzeiro do sul das tuas mãos
quero o teu nome escrito nas marés
nesta cidade onde no sítio mais absurdo
num sentido proibido ou num semáforo
todos os poentes me dizem quem tu és”


Manuel Alegre



Salvador Dali



CONVITE

1. Aproveitando este dia que celebra o Amor, a Biblioteca achou pertinente assinalar a data produzindo uma Lista Bibliográfica que integre títulos em que o tema do amor encontre a sua melhor e mais significativa expressão.

As sugestões, sempre identificadas e acompanhadas de uma breve apreciação, poderão ser entregues aos professores de português, serem enviadas para o e-mail da Biblioteca info@esec-aurelia-sousa.rcts.pt.,ou ainda para o blog becreaureliasousa.blogspot.com (utilizando os “Comentários”)

A lista ficará disponível para consulta dos interessados, e a Biblioteca fará a aquisição dos livros mais referidos.

2. Os melhores comentários aos quadros “Idílio” de Tâmara de Lempicka (1898 – 1980) e “Casal com cabeças cheias de nuvens” de Salvador Dali (1904 - 1989) também serão divulgados na Biblioteca e através do blog (1)

Mais informações: na Recepção da Biblioteca ou junto dos Professores de Português e de Artes


(1) Os quadros estarão disponíveis em ficheiro próprio na recepção da Biblioteca para quem pretenda copiá-los.

segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

2ª reunião parcial




1ª reunião parcial

“MENINO NICOLAU E OS AMIGOS”

Eu gostei muito deste livro porque faz-me lembrar quando era pequenina e todas as rebeldias e traquinices que fazia nessa idade.
Eu sempre vivi no Algarve e tinha uma casa com um pequeno pátio, muito idêntica à casa do menino Nicolau, assim como a maneira como os pais agiam com o menino, que era também muito idêntica à dos meus pais.

Vanessa d’Orey, 9ºD nº 25



UM PACTO COM O DIABO”

Eu gostei muito deste livro, porque me identifiquei com a jovem personagem que sofre com o divórcio dos pais, pois desde pequena viveu com eles.
Agora a mãe encontrou outra pessoa, o seu padrasto, que ela tanto odeia e por isso irá ter muitos problemas.

Eu vivo a mesma situação, apesar de não ter padrasto, os meus pais são divorciados e é por isso que me identifico com a personagem.

Mafalda Malafaya, 9ºD nº 17

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009


Janeiro

Neste Mês comemora-se:
1 - Dia de Ano Novo e Dia Mundial da Paz
4 – Dia Mundial do Braille
6 – Dia dos Reis Magos
23 – Dia Mundial da Liberdade
27 – Dia Mundial do Holocausto

Este mês inicia-se:
ANO EUROPEU DA CRIATIVIDADE E INOVAÇÃO ATRAVÉS DA EDUCAÇÃO E CULTURA e ANO INTERNACIONAL DA ASTRONOMIA

quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Liberdade

de Armindo Rodrigues

Ser livre é querer ir e ter um rumo
e ir sem medo,
mesmo que sejam vãos os passos.
É pensar e logo
transformar o fumo
do pensamento em braços.
É não ter pão nem vinho,
só ver portas fechadas e pessoas hostis
e arrancar teimosamente do caminho
sonhos de sol
com fúrias de raiz.
É estar atado, amordaçado, em sangue, exausto
e, mesmo assim,
só de pensar gritar
gritar
e só de pensar ir ir e chegar ao fim.