segunda-feira, 27 de abril de 2009

Amostra sem valor

de António Gedeão


Eu sei que o meu desespero não interessa a ninguém.
Cada um tem o seu, pessoal e intransmissível:
Com ele se entretém
E se julga intangível.


Eu sei que a Humanidade é mais gente do que eu,
Sei que o Mundo é maior do que o bairro que habito,
Que o respirar de um só, mesmo que seja o meu,
Não pesa num total que tende para o infinito.


Eu sei que as dimensões impiedosas da Vida
Ignoram todo o homem, dissolvem-no, e, contudo,
Nesta insignificância, gratuita e desvalida,
Universo sou eu, com nebulosas e tudo.


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