segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Metamorfose

por Jorge de Sena



Para a minha alma eu queria uma torre como esta,
assim alta,
assim de névoa acompanhando o rio.

Estou tão longe da margem que as pessoas passam
e as luzes se reflectem na água.

E, contudo, a margem não pertence ao rio
nem o rio está em mim como a torre estaria
se eu a soubesse ter…

uma luz desce o rio
gente passa e não sabe

que eu quero uma torre tão alta que as aves não passem

as nuvens não passem
tão alta tão alta

que a solidão possa tornar-se humana.





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