terça-feira, 25 de maio de 2010

A linguagem e o amor


O amor começa a manifestar-se muito cedo. Por muito estranho que pareça, começa logo no infantário. Nesta altura, é bastante simples: é caracterizado por uma linguagem verbal e corporal simples e por uma troca de olhares, seguida de um beijo na cara do rapaz pela rapariga, ao qual se segue a corrida de ambos para direcções contrárias a gritar – “Ai que nojo!”. Realmente muito simples.
A partir daí, começam as complicações. Na adolescência, o amor é como um programa do National Geographic. O macho usa uma acentuada linguagem corporal, pavoneia-se em frente da fêmea e espera a sua aceitação. Quando outro macho se aproxima, ficam ambos a combater, enquanto vociferam elogios em construções frásicas indecifráveis.
Uns anos depois, as relações ficam ainda mais interessantes. Salta-se de caso em caso e de noite em noite. Normalmente tudo começa em bares ou discotecas. O homem aproxima-se de uma mulher e corteja-a usando uma série de piadas foleiras e copos carregados de álcool. No dia seguinte, a ressaca acompanha-o sempre e a mulher, às vezes, também. No fim, isto acaba por ser muito parecido com o tipo de casos que se encontra em algumas tristes esquinas da baixa do Porto.
Quando se arranja uma namorada a sério, a linguagem amorosa envolve cartões amorosos, frases tão complicadas que raramente fazem sentido e inúmeras surpresas, sendo que, se tudo correr bem, a última é o anel de noivado! O dia mais feliz das nossas vidas!
Chegamos ao desejado casamento. Começam os indesejados desleixos e vai diminuindo a comunicação. O homem começa a esquecer-se dos aniversários e a mulher começa a fazê-lo dormir no sofá. Às vezes, contudo, qual milagres, também há surpresas, envolvendo uma linguagem extremamente carinhosa. Raramente, claro! Para, quando acontecer, nunca deixar de ser surpresa!
Quando se chega à terceira idade, a vida amorosa regride radicalmente e a única verbalização sobre o Amor resume-se ao comentário feito da varanda para os jovens que passeiam romanticamente: “Pouca vergonha! Vão mas é trabalhar!”
Realmente o amor é muito complicado! Mas por que será que ele continua a suscitar nos corações humanos amizade, se tão contrário a si é o mesmo amor?
João
10ºB de 2009/2010

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