sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Escola Associada da UNESCO

A ASPnet (Association of Schools Project) é a Associação das Escolas Associadas da UNESCO, rede mundial de 7900 estabelecimentos de ensino de 176 países, sendo cinquenta as escolas portuguesas.
Existe oficialmente desde 1953 para promover a paz, a tolerância e a cooperação internacional e constitui um galardão de excelência para as escolas associadas.
Ao apresentar a sua candidatura em Setembro de 2001 com um plano de trabalho bianual, a Escola assumiu o compromisso de uma prática de ensino que promova na sala de aula os ideais já referidos e ainda a sua inclusão explícita no Projecto Educativo da Escola.
Os métodos de trabalho recomendados assentam na interdisciplinaridade, no trabalho de equipa, na introdução dos tópicos da actualidade nas discussões na sala de aula, numa dinâmica que promova o saber agir, usando sempre que possível as publicações da UNESCO.
São prioridades:
· Promover a Educação Para Todos, insistindo nos 4 pilares de aprendizagem: aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a ser e aprender a viver juntos.
· Identificar e difundir os exemplos de uma educação de qualidade chamando a atenção para: 1. Os problemas mundiais e o papel do Sistema das Nações Unidas 2. A Educação para um Desenvolvimento Sustentável 3. A Paz e os Direitos Humanos 4. A Aprendizagem intercultural

A Escola Secundária Aurélia de Sousa tem procurado honrar os compromissos assumidos, nomeadamente através do seu Projecto Educativo e do Plano Anual de Actividades. Sempre que possível tem correspondido às iniciativas ou campanhas especificamente dirigidas às Escolas Associadas e, de forma constante, tem assinalado as efemérides Internacionais e Mundiais das mais diversas formas e com o envolvimento de todos os grupos disciplinares, procurando alargar a educação dos jovens cidadãos às grandes causas do mundo actual.
O compromisso pessoal dos docentes com o projecto educativo e com os ideais da UNESCO tem-se tornado cada vez mais evidente, quer através da enunciação de objectivos para as actividades de aprofundamento curricular quer no desenvolvimento de projectos ou actividades de complemento curricular ou extra-curricular.
Para saber mais..[+] Comissão Nacional da UNESCO - Delegação Portuguesa

Aurélia de Sousa




Quem foi?


No museu imaginário da pintura portuguesa da segunda metade do século XIX, Aurélia de Sousa tornou-se uma presença inquestionável, quer entre os pintores mais velhos como Silva Porto, Marques de Oliveira, Columbano, Malhoa, Sousa Pinto e Artur Loureiro, quer entre os da sua geração, como Pousão, João Vaz, Eugénia Moreira ou António Carneiro. Na sociedade portuguesa, miticamente desenhada por Camilo, Eça e Júlio Dinis, viveu uma modernidade inédita de que ninguém, então e durante muito tempo, soube tirar as consequências.

1866 – Maria Aurélia Martins de Sousa nasce a 13 de Junho no Chile, em Valparaíso, filha de Olinda Perez e de António Martins de Sousa. É a quarta dos sete filhos do casal.

1869 – Com três anos, regressa a Portugal com a família. Habita desde então a Quinta da China comprada por seu pai, na margem direita do Douro, junto da cidade do Porto.

1874 – Morte do pai, quando Aurélia tem 8 anos.

1882-1889 – Com 16 anos, começa a ter lições de desenho e pintura com António da Costa Lima e pinta o seu primeiro auto-retrato.

1893 – Matricula-se na Academia de Belas Artes do Porto, na aula de Desenho Histórico, destacando-se em anos sucessivos com distinção.

1899-1902 – Parte para Paris e frequenta na Academia Julien os cursos de J. P. Laurens e B. Constant. Os seus trabalhos figuram em exposições. Antes de regressar a Portugal viaja e visita museus em Bruxelas, Antuérpia, Berlim, Roma, Florença, Veneza, Madrid e Sevilha. Cerca de 1900, pinta o famoso Auto-Retrato com casaco vermelho, Colecção Museu Nacional Soares dos Reis.

1903-1909 – Desenvolve intensa actividade, nomeadamente como ilustradora e participa nas exposições anuais da Sociedade de Belas-Artes do Porto, expondo também regularmente na Galeria da Misericórdia.

1910-1922 – Além das lições, participa regularmente na vida artística portuense e expõe anualmente na Sociedade Nacional de Belas-Artes de Lisboa.

Morre na Quinta da China, em 26 de Maio de 1922, com 55 anos.



No contexto do Naturalismo português, Aurélia de Sousa demarca-se por uma estética individualizada de percurso inédito. É nos auto-retratos que a pintora se distancia da estética naturalista e evidencia uma plástica e poética própria, num processo de indagação pessoal. Além de um ou outro retrato de encomenda ou as suas procuradas flores, regista a silenciosa narrativa da Casa: a presença da velha mãe, os afazeres das mulheres e das crianças, os cantos escuros da cozinha e do atelier, as tardes em que a luz se confunde com os fatos de verão, os caminhos campestres ou as vistas do rio. Pratica uma pintura vigorosa, raramente volumétrica, detida na análise das sombras para nelas captar a luz.


Raquel Henriques da Silva, Aurélia de Sousa (Texto adaptado)



No Porto a sua obra pode ser apreciada no Museu Marta Ortigão Sampaio e no Museu Nacional Soares dos Reis

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Ler o Mundo




Formar leitores para Ler o Mundo foi o título de um congresso realizado recentemente pela Fundação Gulbenkian, na tradição do muito interesse que a fundação tem dedicado ao tema.
A reflexão é mais oportuna do que nunca, porque o aumento do número de alunos a frequentar as nossas escolas básicas – uma das importantes conquistas da nossa democracia – nem sempre corresponde ao número de estudantes capazes de compreender uma linguagem complexa. É provável que todos se tornem leitores funcionais, porque o analfabetismo é agora raro na população jovem: aprenderão o suficiente para levar uma vida simples e saberão evitar os grandes problemas que poderiam ocorrer se não soubessem ler. Temos, contudo, de ser mais exigentes, pois sabemos que muitos saem da escola sem capacidade para ler e interpretar um texto complexo ou calcular uma taxa de juro, o que se traduz por uma dificuldade de qualificação profissional, ou por fracasso nas comparações internacionais. (…)
Para que as crianças gostem de ler é preciso que se recupere nas famílias a tradição da oralidade, de modo a que os pais e avós ganhem algum tempo a contar histórias infantis, quer através de livros, quer através da narrativa das estórias da família.
A investigação tem demonstrado a possibilidade de a leitura ampliar as capacidades do cérebro, criando diferentes perspectivas de interpretação da realidade e novas competências no manejo das emoções, contribuindo para a melhor compreensão da complexidade do mundo. Especialistas defendem que o que importa é que a criança leia, sobretudo textos que a mobilizem (…) Por isso, o interesse de uma criança ou de um adolescente por qualquer tema deverá ser incentivado, porque estará a contribuir para o ganho de hábitos de leitura, que só se poderão consolidar nas idades jovens.
Costuma dizer-se que se pode ler um livro desde muito cedo, na prática deve seguir-se o conselho de segurar a criança ao colo e com a mão disponível ler-lhe um episódio qualquer que o faça sonhar: não importa, a princípio, se é um texto de muito valor literário.
Houve tempos, no início da adolescência, em que só me interessava por banda desenhada ou imprensa desportiva. Ansiava pela chegada do Cavaleiro Andante para me deliciar com as aventuras de Tintin, ou para recriar, com os meus amigos, as investigações do detective Sexton Blake e do seu assistente Tinker, sempre na pista de tenebrosos crimes; ou recortava as crónicas de A Bola, onde Marco Márcio, Carlos Pinhão e Vítor Santos me encantavam com a capacidae de escrever várias colunas sobre um simples penálti.(…)
A minha mãe, sempre grande leitora, outrora encantada com a minha leitura compulsiva das histórias tradicionais(…), dos livros dos Cinco ou do devorar das aventuras de Sandokan, o Tigre da Malásia, andava agora inquieta.”O menino não lê nada!” Ao que o meu pai, mais sereno, depressa respondeu:”Vais ver que o miúdo depois muda, é da idade, depois lerá outras coisas…” E os dois ficaram contentes quando eu passei do Michel Vaillant para os livros policiais da Agatha Christie e Ellery Queen invadiram os meus tempos livres, à média de um por dia…e nunca mais esqueci O Assassinato de Roger Ackroid ou Vivenda Calamidade!
O actual Plano Nacional de leitura tem, entre outros méritos, a vantagem de oferecer uma lista de livros adequada a cada idade, o que constitui um valioso guia para pais e educadores. Muitos desses textos são estímulo à fantasia da criança e do adolescente: esse deve ser o principal desígnio da literatura infantil…

Daniel Sampaio*
(Crónica “Porque sim”, Pública, 1 de Fevereiro de 2009
*(integra a Comissão de Honra do Plano Nacional de Leitura)

(sugerido por Luísa M. Saraiva, coordenadora da Biblioteca)

de Hugo von Hofmannsthal (Viena, 1874 – 1929)

III

Nossa matéria aos sonhos é igual
e os sonhos abrem olhos à maneira
de umas crianças sob o cerejal.

Das copas, ouro pálido se esgueira
da lua-cheia e a vasta noite alcança…
senão, sonhos não há à nossa beira.

Vivem aí qual riso de criança,
e como a lua-cheia sobem, descem,
quando desperta sobre a fronde avança.

O mais íntimo se abre a quanto tecem;
quais mãos-fantasma sempre num tristonho
espaço estão em nós e a vida oferecem.

E os três são um: homem e coisa e sonho.

Tercinas sobre a fugacidade de tudo




sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

A crescente humildade

de Lao Tse

O incompleto será completado
O curso, endireitado
O vazio, preenchido
O gasto, renovado
O insuficiente, aumentado
O excessivo, dissipado.
É por essa razão que o sábio abraça a Unidade
tomando-a por modelo do universo.
Como nunca se põe em evidência, brilha
Como nunca se vangloria, tem mérito
Porque nunca luta, ninguém a ele se opõe.
A frase dos antigos dizia: Aquele que é incompleto será
completado. Será uma frase vã?
No fim, tudo retorna à perfeita integridade.


Contrariedades

de Cesário Verde (1885 – 1886)

Eu hoje estou cruel, frenético, exigente;
Nem posso tolerar os livros mais bizarros.
Incrível! Já fumei três maços de cigarros
Consecutivamente.

Dói-me a cabeça. Abafo uns desesperos mudos!
Tanta depravação nos usos, nos costumes!
Amo, insensatamente, os ácidos, os gumes
E os ângulos agudos.

Sentei-me à secretária. Ali defronte mora
Uma infeliz, sem peito, os dois pulmões doentes;
Sofre de faltas de ar, morrerem-lhe os parentes
E engoma para fora.

Pobre esqueleto branco entre nevadas roupas!
Tão lívida! O doutor deixou-a. Mortifica.
Lidando sempre! E deve a conta à botica!
Mal ganha para sopas…

O obstáculo estimula, torna-nos perversos;
Agora sinto-me eu cheio de raivas frias,
Por causa dum jornal me rejeitar, há dias,
Um folhetim de versos.
………………………………………….
E a tísica? Fechada, e com o ferro aceso!
Ignora que a asfixia a combustão das brasas,
Não foge do estendal que lhe humedece as casas,
E fina-se ao desprezo!

Mantem-se a chá e pão! Antes entrar na cova.
Esvai-se; e todavia, à tarde, fracamente,
Ouço-a cantarolar uma canção plangente
Duma opereta nova!
……………………………………………
E estou melhor; passou-me a cólera. E a vizinha?
A pobre engomadeira ir-se-á deitar sem ceia?
Vejo-lhe a luz no quarto. Inda trabalha. É feia…
Que vida! Coitadinha!


“A Minha Biblioteca Turca”







“No coração da minha biblioteca está a biblioteca do meu pai.




Quando eu tinha 17 ou 18 anos e comecei a dedicar a maior parte do meu tempo à leitura, devorei os volumes que o meu pai guardava na nossa sala de estar, bem como os que descobria nas livrarias de Estambul. Nesses tempos, se eu lesse um livro da biblioteca do meu pai e gostasse dele, levava-o para o meu quarto e colocava-o no meio dos meus livros. O meu pai, que ficava satisfeito por ver que o seu filho lia, ficava também feliz ao ver alguns dos seus livros a emigrarem para a minha biblioteca, e sempre que via um dos seus velhos livros na minha estante, brincava comigo, dizendo-me:”Ah, vejo que este volume já foi promovido a uma patente superior!”



Em 1970, quando tinha 18 anos, eu – como todas as crianças turcas que se interessavam por livros – comecei a escrever poesia. (…) Foi então que li as colecções de poesia que o meu pai (que quando era novo quisera ser poeta) mantinha nas suas estantes.
Adorei os desbotados e esguios livros de poetas que eram considerados pelas Letras turcas (…) O meu pai por vezes abria uma primeira edição de um destes poetas e entretinha-nos com um ou dois dos seus singulares e caprichosos poemas, lendo-os em voz alta e adoptando um ar que nos fazia perceber que a literatura era um dos mais maravilhosos tesouros da vida.”
Orhan Pamuk,

Prémio Nobel da Literatura 2007
De “A minha Biblioteca Turca” in “Público”, suplemento P2, de 10 de Janeiro de 2009.
(sugerido por Luísa M. Saraiva, coordenadora da Biblioteca)






(Texto exclusivo PÚBLICO/New York Review of Books)

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Fevereiro

14 - Dia dos Namorados






Idyll Tamara De Lempicka



“há um mar imaginário aberto em cada página

e eu quero o cruzeiro do sul das tuas mãos
quero o teu nome escrito nas marés
nesta cidade onde no sítio mais absurdo
num sentido proibido ou num semáforo
todos os poentes me dizem quem tu és”


Manuel Alegre



Salvador Dali



CONVITE

1. Aproveitando este dia que celebra o Amor, a Biblioteca achou pertinente assinalar a data produzindo uma Lista Bibliográfica que integre títulos em que o tema do amor encontre a sua melhor e mais significativa expressão.

As sugestões, sempre identificadas e acompanhadas de uma breve apreciação, poderão ser entregues aos professores de português, serem enviadas para o e-mail da Biblioteca info@esec-aurelia-sousa.rcts.pt.,ou ainda para o blog becreaureliasousa.blogspot.com (utilizando os “Comentários”)

A lista ficará disponível para consulta dos interessados, e a Biblioteca fará a aquisição dos livros mais referidos.

2. Os melhores comentários aos quadros “Idílio” de Tâmara de Lempicka (1898 – 1980) e “Casal com cabeças cheias de nuvens” de Salvador Dali (1904 - 1989) também serão divulgados na Biblioteca e através do blog (1)

Mais informações: na Recepção da Biblioteca ou junto dos Professores de Português e de Artes


(1) Os quadros estarão disponíveis em ficheiro próprio na recepção da Biblioteca para quem pretenda copiá-los.